segunda-feira, 11 de julho de 2011

O Trauma

                                                                                                     

É notável que nos últimos anos a taxa de mortalidade e morbidades decorrentes de acidentes de transito e praticas de violência vem aumentando, e isso tornou-se um serio problema de saúde, consequentemente, ações preventivas e vias de tratamentos vem sendo um dos principais foco de estudo em todo mundo, tentando assim descobrir novas maneiras de enfrentar está problemática. Nos USA o trauma é a principal causa de morte em pacientes menores de 35 anos, e é responsável por 10% das mortes entre toda a população adulta do país, no Brasil é a 3ª causa de morte e a principal entre os jovens. Além disso, as seqüelas promovidas por esta dolentia, provocam incapacidades graves e moderadas em mais de 45 milhões de pessoas em todo mundo. Os pacientes traumatizados são diferentes de qualquer outro tipo de doente, pois na sua maioria trata-se de pessoas hígidas em bom estado de saúde, que subitamente, devido a algum tipo de acidente passa a se encontrar em um estado grave, o qual necessita de atendimento imediato, então para total sucesso no tratamento é necessário que o paciente seja manuseado corretamente desde o local de atendimento até o hospital. O socorrista tem maior chance de ajudar um paciente traumatizado do que qualquer outro paciente, o atendimento ao traumatizado é praticamente dividido em pré-hospitalar e intra-hospitalar. E é os cuidados pré-hospitalares que geralmente fazem a diferença entre a vida e a morte, ou entre uma seqüela definitiva e a temporária. Lembrando que mais da metade das mortes no trauma ocorrem por acidentes automobilísticos ou uso de arma de fogo, e estas duas práticas são totalmente evitáveis quando se instala um bom trabalho preventivo. A primeira fase de morte no trauma ocorre desde poucos minutos até 1hora após o trauma, nesta fase o dano absorvido pela vitima é independente do atendimento médico ou do socorrista, a melhor forma de evitar estes óbitos é com prevenção, educação e estratégias de segurança. A segunda fase ocorre nas primeiras horas após o incidente, é nesta fase que uma boa ação pré e intra-hospitalar fazem a diferença. A terceira fase acontece nos primeiros dias até varias semanas após o evento, e geralmente os óbitos desta fase são decorrentes de falência em múltiplos órgãos, e infelizmente a medicina tem muito que aprender no combate desta desordem.
Observando todos estes parâmetros o trauma é um grande problema de saúde no mundo, e por atingir principalmente pessoas ativas, torna-se um distúrbio socioeconômico evidente e crescente, hoje temos uma padronização no atendimento às vitimas do trauma através do Prehospital Trauma Life Support e o Advanced Trauma Life Support, estes programa tem como objetivo desenvolver através de estudos, novos aspectos de abordagem ao traumatizado, visando um atendimento rápido, seguro e eficaz. Sendo assim atualmente existe um bom atendimento tanto pré-hospitalar como intra-hospitalar disponibilizado para pacientes traumatizados, mas então porque o trauma nos EUA ainda mata em um ano 3 vezes mais do que a guerra do Vietnã. A resposta está na forma de encarar este problema, o trauma tem que ser conceituado como uma epidemia, uma doença, e não como uma fatalidade, pois muitos destes acidentes causadores de óbitos e seqüelas graves podem ser evitados, sendo o melhor remédio, o exercício da cidadania e a prevenção. E por mais que a tecnologia hospitalar e pré-hopitalar se desenvolva, nós profissionais da saúde ainda estaremos de mãos atadas, pois é no ato do trauma que ocorre a maioria das mortes e isso é independente de um bom atendimento. E enquanto o tratamento certo não for empregado em nossa sociedade, viveremos neste cenário onde nossas crianças e jovens morrem e se mutilam através do trauma.

Dr. Leandro Viotto (médico/ neurocirurgia)

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