sábado, 30 de julho de 2011

“Sexualidade e portadores de necessidades especiais"




    "Márcio Eustáquio de Castro Linhares
                             Psicólogo. - Especialista em Sexualidade Humana
 Rio de Janeiro - RJ 
 

 
             
        Há um tempo atrás fui convidado a comentar sobre questões de sexualidade e sua expressão, para uma revista direcionada ao público portador de deficiência física e outros interessados no tema.
Fiquei satisfeito de ver esse tema tão importante ser foco de uma reportagem. É um universo representativo de cidadãos que se vêem, muitas vezes, reféns de preconceitos de pessoas que lhe rodeiam e, até mesmo, formulados por si mesmo.
Bem, a sexualidade do deficiente físico é real e permanente e apenas precisa ser pensada e  exercitada para permanecer como um de seus bens construtores de sua autonomia busca de felicidade.
         Pessoas deficientes podem sim descobrir seus pontos e zonas eróticas se exercitando 
a buscar a máxima sensibilidade possível nos seus mais variados pontos de toda extensão do corpo. Sejam partes genitais, seja qualquer outro ponto como mãos, coxas, pernas, face, pés, nuca, etc. 
        O corpo todo é sensível às sensações de frio, calor, umidade, secura, asperezas, contatos aveludados, etc. A exploração dessas possibilidades podem levar esse indivíduo, como qualquer outro, a exacerbar sua sensibilidade e tornar o seu corpo como um todo, espaço bom e prazeroso de contatos e sensações erógenas. Vale lembrar que a capacidade de se sentir ainda um sujeito sexual e sensível às essas excitações é deixada muito clara na presença de  sonhos eróticos e outras  manifestações deste tipo.
Para buscar a realização da expressão sexual de cada um, o deficiente físico precisa entender existe algumas posições mais confortáveis, mas não existe uma indicação única e comum a todos. A melhor posição seria aquela que trouxesse mais conforto e sensibilidade para o indivíduo. Quanto mais confortável ele estiver melhores serão as chances de uma sensibilidade maior e mais afluente no contato sexual. Espera-se ainda, logicamente, que o máximo do esforço seja feito pelo parceiro/a não acometido da deficiência. 
         Como na questão anterior, sobre o conforto, todos os cuidados devem ser tomados para que a relação não venha a ser fonte de cansaço, dificuldades, desconforto, dores, desânimo. Uma relação para o deficiente físico vai requerer uma ação mais longa de cuidados, carinhos e preliminares. Massagens com óleos, talcos e outros materiais que despertem satisfação e prazer através de outras janelas sensoriais (olfato, audição, tato, visões, paladar) vão potencializar a possibilidade de aflorar o prazer para a parceria.
Fundamental na vida do deficiente físico: nunca desistir de qualquer possibilidade de uma vida integrada. Que busque as experiências. Troque com pares, amigos, mentores, médicos, terapeutas, enfim; com o  mundo. Tenha certeza que sempre haverá uma porta entreaberta ou uma janela para o mundo comum.
Podemos encontrar alguns entraves mas sempre podemos nos esforçar para superá-los. Sartre deixou uma pensata que serve para balizar qualquer um de nós e nós dá instrumentação para seguir em frente. É algo assim:

"Não importa o que o mundo fez com você, importa o que você faz com o que o mundo fez com você."


        



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